domingo, 30 de novembro de 2008

Luz em São Paulo

Quando: 22/03/2009
Onde: Chácara do Jockey Club
Porque: Radiohead

Precisa dizer mais?

Sim, água faz bem...

Quando eu era criança eu queria fazer medicina. Muitas crianças querem. Mas eu fui além. Eu era uma criança tão sem noção do mundo, tão ingênua, que por volta dos 11 ou 12 anos, depois de "estudar" por conta própria alguns conceitos básicos sobre doenças, procedimentos médicos etc, eu fui até o hospital da pequena cidade em que eu morava para... pedir um estágio!! Nem eu acredito que fiz isto. O fato é que eu acabei, na adolescência, descobrindo a física e foi uma paixão fulminante, que dura até hoje. Estas escolhas devem dizer muito sobre mim: Médicos e físicos são as duas classes com o maior número de pessoas arrogantes que eu conheço. É um páreo duro, pois enquanto os médicos têm, em tese, o poder de vida e de morte, os físicos têm o poder do conhecimento do funcionamento do universo... Quem dá mais? Uma mesa de bar com um médico, um físico e um argentino deve ser muito engraçada! Mas isto não justifica o fato de o conselho federal de medicina ter reconhecido a homeopatia como prática médica em uma resolução de 1980, conforme acabei de ler na página do CRM de São Paulo.

Eu imagino que exista uma disciplina de química básica nas escolas de medicina. E também imagino que nesta disciplina os futuros médicos devem aprender que existe uma coisa chamada número de Avogadro: Existem cerca de 602000000000000000000000 átomos/moléculas de uma dada substância em cada mol de matéria. É um número absolutamente enorme, o que implica, a primeira vista, que é fácil encontrar uma molécula de uma dada substância mesmo quando a misturamos com, por exemplo, água. Então digamos que diluímos esta dada substância em água, algo como para cada litro da substância, colocamos 10 litros de água. Obviamente, a chance de encontrar uma molécula da substância inicial após a diluição será de 10%. Se repetirmos este processo mais uma vez, a probabilidade cai para 1%. E se repetirmos por 30 vezes? A probabilidade fica 0,0000000000000000000000000001% !!!! Você acha que é pequena, inimaginável? É mais fácil você ganhar na mega-sena todas as semanas da sua vida, jogando apenas 6 números por semana, do que achar uma molécula da substância inicial depois de 30 diluições seguidas! Agora, pasmem: Na homeopatia, a diluição de 30 vezes é quase um desvio, o normal é diluir 100 ou 200 vezes... Ou seja, os remédios homeopatas são água pura! E o CFM endossa isto, inclusive com provas para o título de especialista. Será que eles tem alguma questão sobre química básica nas provas? Me dá medo, realmente medo, pensar que o CFM assina embaixo deste mambo jambo sem pé nem cabeça.... Me faz pensar nas outras especialidades...


Mas algumas pessoas dizem: Eu só me trato com homeopatia e me curo na maior parte das vezes. Porque elas melhoram com água pura? Por duas razões. A primeira é que nós temos um sistema imunológico. A segunda é o efeito placebo. Nosso corpo é uma máquina maravilhosa, com o sistema imunológico sendo uma parte particularmente engenhosa. Eu sou louca, não bato bem mesmo, e digo isto porque toda a vez que eu tenho febre causada por algum tipo de infecção, eu fico maravilhada com o fato de eu estar tendo febre exatamente para ajudar a combater vírus e bactérias que estas causando esta mesma infecção. É algo absolutamente fantástico. O corpo sabe cuidar de si mesmo na maior parte das vezes. Não importa se você tomou água pensando se era remédio ou não... E, para isto, entra em cena também o efeito placebo. Exemplo de efeito placebo: Alguém dá grama para o sujeito fumar, dizendo que é maconha. E o sujeito viaja... Este efeito é bem conhecido na medicina (obviamente, menos para o CFM...) e em geral, para evitar que se venda gato por lebre, todo o remédio que você compra em uma farmácia passou por um teste chamado duplo-cego. Neste tipo de teste, são fornecidos para os pacientes as drogas que se quer testar e um placebo (farinha, água etc). No duplo-cego, nem o paciente sabe se está tomando um placebo ou não e nem a pessoa que está admininistrando a medicação. É um sistema particularmente eficaz para se evitar efeitos de sugestão, ou seja, de a pessoa desencadear efeitos bioquímicos no próprio corpo que mascarem os sintomas da doença e apresente melhora no seu estado clínico, simplismente porque alguém falou para ela que aquele medicamento em particular iria melhorar sua saúde. Que as pessoas são sugestionáveis a níveis incríveis é uma grande verdade. Vou falar disto num post futuro. O que definitivamente não é verdade é que água pura atua bioquimicamente no seu organismo.

Acontece que os homeopatas dizem que mesmo após a diluição a água conserva uma "memória" da substância original... Água com memória? Sim, eles dizem que as moléculas de água carregam, de alguma maneira, propriedades da substância original que acabam fazendo o efeito desejado no organismo... Qualquer semelhança com o caso do tenista que eu mencionei antes não é mera coincidência... Isto tem um nome: Se chama pensamento mágico. Minha sugestão ao CFM: Façam um simpósio para discutir o assunto com químicos de ponta, com físicos atômicos e moleculares, e deixem de ser motivo de piada... Eu incluí os físicos para ser coerente com a arrogância que falei no início do post, se bem que eles realmente são úteis as vezes! :)

Vou dormir! Próximo post?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Vicky? Cristina? Barcelona?

Uma pequena parada para um comentário completamente fora do assunto principal deste blog. Depois do filme, fiquei pensando:

Se a pessoa é romântica, quebra a cara
Se a pessoa é audaciosa, quebra a cara
Se a pessoa é recatada, quebra a cara
Se a pessoa é aventureira, quebra a cara
Se a pessoa é conformista, quebra a cara
Se a pessoa é inconformista, quebra a cara
Se a pessoa é amorosa, quebra a cara
Se a pessoa é desencanada, quebra a cara
Se a pessoa é espirituosa, quebra a cara
E vai... Poderia ter sido adicionada uma frase pelo narrador no fim do filme: E como sempre, continua todo mundo insatisfeito! :)

O comentário sobre homeopatia ainda não foi publicado por falta absoluta de tempo. Mas será. Breve neste espaço!

sábado, 8 de novembro de 2008

Só porque você pensou em mim ontem...

O mais comum é mentir para nós mesmos. Mentir para os outros é relativamente a exceção.

Nietzsche

Acho que já aconteceu com todo mundo. Você liga para alguém, amigo, amiga, pai, mãe, enrosco, seja lá quem for, e esta pessoa diz que acabou de pensar em você! Você logo pensa: Nossa, estou conectada a esta pessoa, nossas “almas” estão em sintonia/sincronia ou alguma outra “ia” (talvez manIA obsessiva compulsiva...) Ou você sonha com a pessoa, um sonho ruim, e no dia seguinte descobre que a pessoa morreu, sofreu um acidente etc. Ou você está falando com alguém e “descobre” a próxima frase que a pessoa vai falar. Estamos em comunicação mesmo quando não estamos fisicamente próximas a outras pessoas? Somos capazes de “receber”, de alguma maneira desconhecida, o pensamento de alguém? Em suma, existe algo como telepatia?

Vamos pensar assim. Digamos que você tenha um amigo, um daqueles que pensa mais de si do que realmente é, que diz: Ontem saí e peguei todas! Talvez ele até receba um telefonema na sua frente da “presa” da noite passada, mas será que foi assim mesmo? Será que ele é um exímio “pegador”? Muito provável, ele saiu várias vezes durante a semana, abordou umas 15 mulheres e teve um sucesso. É claro que, como ele se acha, ele vai falar para você só do 1 sucesso, não vai falar dos 14 fracassos, e vai passar a impressão de que com ele ninguém pode! Pois bem, em geral é exatamente isto o que fazemos quando dizemos para alguém: Você não acredita, acabei de pensar na pessoa X e ela me ligou! Ou ainda: Tive um pressentimento ruim sobre X e não é que ela tinha sofrido um acidente? O que eu acho? Que em todos estes casos, enganamos a nós mesmos. “Esquecemos” todas as vezes que pensamos em X e X não ligou ou aconteceu absolutamente nada com X. Então porque acontecem situações de sincronia que nos arrepiam?

É uma questão de probabilidade: Se você pensar um número suficiente de vezes em alguém, VAI acontecer de um dia, após um destes pensamentos, você receber alguma notícia deste alguém. Se você anotasse num papel todas as vezes que pensou em X e nada aconteceu e também todas as vezes que pensou em X e recebeu uma notícia desta mesma pessoa, e em seguida dividir um número pelo outro, fatalmente verá que é um número do tipo 0,01 ou menor... Só que nunca fazemos esta conta. Sempre queremos acreditar que temos uma conexão especial com o outro, algo que transcende o mundo físico, algo que nos faz especiais...E talvez a coisa que mais se queira na vida é ser especial, embora nem sempre lembramos que somos especiais para alguém: Somos todos especiais para nossos pais... Agora, se você não for especial para sua mãe ou para o seu pai, bom, eu sinto muito, mas como se dizia no sul, você está num mato sem cachorro! Boa sorte! Aliás, isto me inspira a fazer a seguinte conjectura: Quanto menos especial você se sentir para os seus pais, maiores são as chances de você procurar uma conexão cósmica onde você se sinta especial, maior a probabilidade de você sair procurando toda e qualquer pirotecnia sobrenatural...

Mas vamos supor que mensagens de pensamento são trocadas entre pessoas. Obviamente, estas mensagens podem ser trocadas independente da distância: Muitas vezes a pessoa pode estar do outro lado do mundo. Eu mesma, quando morava na Austrália, muitas vezes pensava bastante em uma pessoa especial na minha vida, que morava no Brasil, e, vejam vocês, quando chegava em casa tinha uma mensagem dela na secretária eletrônica! Só que para mandar uma mensagem por uma distância muito grande, você precisa de energia. Veja os celulares, por exemplo. A cada poucos quilômetros tem uma torre que capta os sinais emitidos por eles e permitem você falar a distâncias enormes. Não existem torres telepáticas por aí, então a comunicação deveria ser direta entre os dois cérebros. Só que a quantidade de energia para mandar uma informação qualquer a milhares de quilômetros de distância fritaria todos os neurônios do seu cérebro! Alguém pode dizer: Bom, você não precisa de energia para a comunicação entre dois cérebros. Ao que eu responderia: Então vamos parar de conversar, pois se você vai apelar para coisas que não são verificáveis, podemos falar qualquer coisa, tudo vale.... Percebem? Como diz Fernando Pessoa em um dos seus poemas maravilhosos, a metafísica é uma conseqüência de se estar mal disposto...

Próximo blog. Vamos falar sobre homeopatia?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

New age iluminada



Ah, a nova era, a era new age, que encanta tanta gente.... Aqui vai um resumo do pensamento deles:

Não há verdade objetiva. Nós criamos nossa própria verdade.
Não há realidade objetiva, nós criamos nossa própria realidade.
Há formas de conhecimento interiores, místicas ou espirituais
que são superiores às nossas formas comuns de conhecimento.
Se uma experiência parece real, ela é real. Se uma idéia nos
parece correta, ela é correta. Somos incapazes de adquirir o
conhecimento da verdadeira natureza da realidade. A própria
ciência é irracional ou mística. É apenas outro credo, outro
sistema de crença ou outro mito, e não têm mais justificação do
que qualquer um dos outros. Não importa se as convicções são
verdadeiras ou não, desde que elas façam sentido para você.

Pergunta: Se você têm uma perfuração no abdômen, você vai usar o "credo irracional" da medicina ocidental ou o credo irracional de alguma corrente indiana ou chinesa? Se um psicopata tem a convicção verdadeira que precisa matar alguém, isto basta? Ok, estou sendo radical, mas vamos pensar um pouco...

Não existe realidade objetiva? Esta afirmação que o pessoal da new age faz é uma apropriação indevida de conceitos da teoria quântica da física. O filme "Quem Somos Nós" explora e distorce estes conceitos de maneira brilhante. Eu vi este filme em 2006 porque na época eu estava saindo com uma pessoa que não descansou até eu ver este filme com ela: Dada a minha formação ela queria discutir o filme comigo. Bom, fomos assistir e a relação acabou no dia seguinte!! (Brincadeira, não foi por causa do filme, mas teria sido uma ótima desculpa!) O filme diz, basicamente, que criamos a realidade, que a realidade não existe independente de nós e que nossos atos têm o poder de alterar esta mesma realidade. Esta concepção vêm de observações que a física faz em escala microscópica, de cerca de 0,00000000001 m. Pequeno, não? Inimaginável, na verdade... Nesta escala, toda vez que fazemos um experimento, nós "perturbamos" o sistema, de tal maneira que nunca podemos "ver" o sistema não-perturbado, mas somente o sistema que resulta da interferência que fazemos ao observá-lo. É neste sentido que a teoria quântica diz que a realidade é modificada pela nossa observação. So far, so good. O problema é que na escala macroscópica que vivemos e interagimos, este efeito quântico é irrelevante! E não faz sentido você dar para sistemas macroscópicos a mesma interpretação quântica de sistemas microscópicos. Mas o pessoal da new age não quer saber disto, eles querem vender livros, eles querem posar de detentores de um conhecimento hermético que lhes foi revelado, eles querem ser o Merlin dos nossos dias, eles querem ser admirados, é......, no fundo no fundo é tudo vaidade. Ok, eu obviamente escrevo este blog por vaidade intelectual também. Todos somos vaidosos, de uma maneira ou de outra. Abnegação total é um mito, uma lenda... A diferença é que alguns são vaidosos com algo que possa ser verificado, outros são vaidosos com mentiras que enganam e escravizam pessoas dentro de conceitos obscuros, que levam do nada a lugar nenhum.

Eu não sei o que é realidade, provavelmente ninguém saiba dizer exatamente. Mas eu sei os efeitos da realidade, seja lá o que for isto, no nosso dia a dia. Gosto de dar o exemplo do tenista. Digamos que eu esteja em uma sala cheia e declare que estou vendo um tenista batendo bola contra uma das paredes. Se todo mundo da sala disser que não está vendo o tenista, a conclusão é que eu estou alucinando. Se uma ou outra pessoa da sala concordar comigo, a conclusão é que uma ou outra pessoa é altamente suscetível a sugestão. Agora, se todas virem o tenista, então realmente o tenista está lá. A moral é: Para uma coisa ser real, não basta eu sentir como real, outras pessoas também devem perceber esta realidade. Ahhhhhh, mas o pessoal new age vai dizer: Só porque os outros não viram o tenista, não significa que a visão não foi real para você.... Ok, troque o tenista por alguém apontando uma arma contra você e disparando um tiro. Não importa o quão você ache que é real, você não vai ser perfurado por uma bala e não vai sangrar até morrer... Percebem a diferença?

Muito desta mania new age é influenciada pelos anos 50 e 60 e a busca das filosofias orientais, principalmente os chineses e os indianos. Muitas pessoas largaram tudo e foram para a Índia, atrás de iluminação... Não sei quanto a vocês, mas se alguém me oferecesse uma viagem de um mês pela Índia ou um mês no Hilton de Londres ou de Berlin, eu não pensaria um segundo: O Hilton de Londres ou de Berlin. Me chamem do que quiserem, mas numa viagem conforto é fundamental, um bom hotel já garante 50% do sucesso da viagem. O fato é que cresci no campo, com vacas pastando perto da minha casa, com o leiteiro entregando leite de carroça. Eu não preciso ir para a Índia ver vacas no meio da rua e miséria assolando uma cidade. Eu adoro comida indiana, na minha opinião é uma das melhores do mundo, acho até que sou viciada em alguns pratos, pois preciso comer quase toda semana. Mas Londres têm restaurantes indianos estupendos! E quanto a iluminação, eu acho que tenho todos os dias quando caminho até os cafés perto da minha casa, sento, fecho os olhos e degusto um bom espresso! É um estado de êxtase total, não preciso mais do que isto... Mas as pessoas gostam do exótico, do mistério, somos movidos por ele, pelo impossível... E pelo auto-engano!

E a sua realidade, é real ou é imaginada?

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Eu também sou vidente!!

Lendo o Estado de São Paulo de hoje, descobri que também sou vidente. Logo eu, aqui, que tanto destrato estes seres encantados, deve ser o que as pessoas chamam de ironia do destino. Uma daquelas do tipo em que a pessoa passa a vida dizendo que despreza pessoas do tipo x e no fim se apaixona pela pessoa do tipo mais x que ela já encontrou... Não é ótimo? Pois a matéria é uma reprodução de uma matéria que saiu no New York Times sobre o boom da procura de executivos do mercado financeiro por.... videntes! Mas não foi sobre isto minhas duas últimas postagens??? Sou ou não sou vidente?

Bom, não precisa ser o gênio da lâmpada para somar 2 + 2 e ver que o resultado nem sempre é 4! Explico. Quando as pessoas procuram videntes? Quando estão em crise... O que anda acontecendo no mundo das finanças mundiais? Talvez a maior crise desde os anos 30. Logo, eu que acompanho o mercado e estou falando neste blog de crenças absurdas, aproveito o momento para falar exatamente sobre isto. Isto não têm nada de vidência, têm a ver com percepção da realidade em volta.

A matéria fala de uma vidente "séria", que atende sempre de taileur Channel (ela deve ser o feminino dos galinhos, que defini noutro post. Vou chamar o feminino de galinho de Channelete!). Pois bem, esta Channelete em particular cobra US$400 por consulta, o que significa que dinheiro é importante para ela. Mas se ela sabe onde será bom aplicar dinheiro, e como o dinheiro importa para ela, porque ela mesma não aplica? Porque ela vende uma dica de futuro, que potencialmente vale milhões de dólares, por meros 400 dólares? Percebem que a matemática não bate? Alguém pode dizer que ela faz isto para ajudar as pessoas. Mas se ela quer realmente ajudar as pessoas, ela deveria ganhar milhões ela mesma, prevendo o futuro, e ajudar milhões de pobres que não têm o que comer. Ou seja, não bate mesmo. É pior ainda. Assim como existe uma boa vidente em Nova York, não têm porque não ter uma boa em Paris, outra em Londres, outra em São Paulo etc. Como o futuro é só um, todos iriam para o mesmo investimento, o que significa que o lucro final seria....... zero! Porque? É que nem corrida de cavalo. Paga mais quem recebe menos aposta. O favorito paga sempre quase nada...

Se você soubesse que a pessoa que gerencia os seus investimentos consulta uma vidente para aplicar seus recursos, você deixaria seu dinheiro nas mãos desta pessoa?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

...I want have control, I want a perfect body, I want a perfect soul...



O título do texto de hoje é um pedaço da música Creep, do Radiohead, um grupo que eu adoro e talvez um dos mais criativos do mundo em atividade no momento. A frase acima fala em ter controle, em ter um corpo perfeito etc, mas que na verdade ele é um creep, um ser diferente, que assusta os outros. Eu queria falar sobre isto, sobre controle, pois eu acho que toda vez que alguém consulta uma cartomante, um astrólogo, um numerólogo etc, este alguém está exatamente atrás disso: Controle, no caso sobre acontecimentos futuros.

O que você faria se tivesse controle sobre tudo? Ficaria rico? Teria um tórrido caso de amor com quem você mais deseja? Veja, não é o poder de um gênio que eu estou falando, é o poder de você controlar o desejo das pessoas e a evolução de sistemas, não de criar alguma coisa do nada. Não sei quanto a você, mas a sensação que eu tenho é que eu primeiro manipularia o sistema para ganhar uma bolada no mercado e nunca mais precisar me preocupar com dinheiro. Simultaneamente, porque ninguém é de ferro, eu direcionaria o afeto da pessoa que gosto para ela viver comigo o lindo caso de amor que todos queremos, mas nem sempre temos. Provavelmente depois disto tudo, eu entraria em um tédio profundo e me mataria!!! :) Ok, brincadeiras a parte, eu quero dizer que a graça da vida está exatamente em não termos controle, está no inesperado, está em perder o dinheiro hoje e recuperar amanhã. Está em ouvir da pessoa que você gosta que embora ontem ela achava que não gostava de você, hoje ela gosta. E que amanhã ninguém sabe! Mas quando consultamos uma cartomante, por exemplo, nós queremos exatamente o contrário. Queremos alguém que nos diga que vai dar tudo certo, que a situação financeira vai se resolver. E que logo logo sua vida amorosa será sinônimo de plenitude na terra! E eles dizem isto mesmo, claro que com alertas no meio. E eles dizem isto porque é o que queremos ouvir. Mais, é o que precisamos, necessitamos até, ouvir naquele momento. Você já viu alguém que acabou de fechar um negócio perfeito, está vivendo uma incrível estória de amor e está com saúde perfeita, ir a uma cartomante ou a um astrólogo ou a qualquer uma destas modalidades sedutoras das filosofias New Age? Eu nunca ouvi falar! E provavelmente você também não. Acho que nunca ouvimos falar disto porque quando nos encontramos nestes estados achamos que somos invencíveis, que tudo vai dar sempre certo, que somos praticamente imortais.... Isto mesmo, a morte parece algo longe e abstrato nestes momentos. Neste sentido, ter controle significa evitar a morte...

Não é a toa, assim, que exista um vasto mercado com todo o mambo jambo que você possa pensar. Eu sempre digo para os meus alunos. Se um dia vocês ficarem desempregados, não se preocupem, criem alguma corrente de auto-ajuda que envolva a palavra "Quântico" (da mecânica quântica, ainda vou falar mais sobre isto), a palavra "Big-Bang", a palavra "Cosmologia" etc, que vocês vão logo arranjar vários seguidores que não hesitarão em pagar algo para ouvir seus conselhos. Por exemplo, uma coisa do tipo: "A cosmologia do seu eu interior está intrinsicamente relacionada com as flutuações quânticas de suas emoções, dando saltos descontínuos, te levando de um estado de êxtase a um de frustração, através de pequenos big-bangs no desenvolvimento de sua personalidade". Uau!!! Eu gostei! Eu acho que vou seguir a mim mesma! O fato é que é fácil criar um monte de idéias desencontradas, que não significam muito, mas que quanto mais obscuras forem, mais seguidores encontrarão. A mentira quando propagada, acaba sempre virando verdade para algumas pessoas. E assim caminha a humanidade...

Chega, too much control for a day!

domingo, 14 de setembro de 2008

O Mambo Jambo financeiro

Nestes dias de tumulto nos mercados financeiros em todo o mundo, vale a pena lembrar que o Mambo Jambo intelectual é uma infecção generalizada, e o paciente (no caso, a razão) está em coma profundo, provavelmente no nível 3 da escala de Glascow. Para quem não sabe, Mambo Jambo é como me refiro a procedimentos estaparfúrdios que envolvem rituais do tipo: Se eu pensar fortemente nele(a), ele(a) vai me ligar dizendo que não vive sem mim! É um pensamento sedutor este, eu adoraria possuir este poder! Certamente faria com que certos dias de nossas vidas fossem mais suportáveis, embora eu desconfie que a vida se tornaria incrivelmente chata... O fato é que não temos este poder. E se pararmos para pensar, não é possível ter, pois assim como eu desejo x, provavelmente outra pessoa também deseje x. Como nós duas temos o poder de "comandar" o desejo de x, não é possível que só eu (ou a outra pessoa) tenha o que quero de x... Isto está ficando complicado! A moral é: Não temos poder sobre acontecimentos que não envolvam somente a nós mesmos. Mesmo quando envolvem só a gente já é dificil, envolvendo outras pessoas e/ou sistemas o controle vai a zero...

Porque estou falando isto tudo? Porque é exatamente assim que funciona o mercado financeiro. Quando compro uma moeda, uma ação etc, espero que esta moeda ou ação tenha um valor mais alto no futuro. O problema é que existem outras pessoas apostando que elas terão um valor mais baixo... Se o valor vai ser mais alto ou não, após, digamos, um ano, ninguém realmente sabe. Porque seu valor vai depender de eventos futuros totalmente fora de nosso controle. Para saber com exatidão, teríamos que prever o futuro. Como não prevemos.... Até aí, tudo bem. O problema é quando abrimos jornais e assistimos programas especializados na televisão. Em geral, eu leio diaramente três jornais: O Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e o Valor Econômico. De quebra, ainda assisto ao resumo dos mercados financeiros no mundo no canal da Bloomberg, a noite. E existe algo muito, mas muito engraçado em todos eles: Os oráculos, segundo os galinhos. Galinho é um rapaz entre 25 e 35 anos, muitas vezes com goma no cabelo, com algum MBA nos Estados Unidos, as vezes com um doutorado em economia nas costas, que nos diz como estará o dolar e o índice bovespa no futuro, em geral no fim do ano. Eu descobri uma coisa maravilhosa com eles: Que podemos errar a vontade, falar o que bem quisermos sobre o futuro com um ar de seriedade e, na semana seguinte, falar tudo ao contrário, como se estivéssemos falando isto desde criancinhas, sem nenhuma retratação! (Na verdade, já me relacionei com uma ou outra pessoa que agem da mesma forma, com uma naturalidade espantosa, o que me faz pensar que... bom, deixa para lá). Exemplos: No início do ano, todos eles falavam da bolsa em 75000 pontos no fim deste ano (está em 51000 agora). Quanto a bolsa começou a subir mais, lá por abril/maio, começaram a dar as mães como garantias que o índice ia a 82000. Nesta última semana, estavam todos falando em algo entre 55000 e 60000 pontos no fim do ano. Assim é fácil... Eu também quero ganhar dinheiro como eles ganham, dando as suas estupendas assesorias financeiras, usando como único parâmetro o chutômetro.

O problema destas previsões todas é que elas são passadas para o público como algo concreto e certo. Se alguem têm interesse, sugiro uma dissertação de mestrado onde é feito um levantamento histórico das previsões do início do ano com o que realmente aconteceu no fim do ano. O resultado será o mesmo do levantamento das previsões dos astrólogos com o que de fato aconteceu durante o ano. Neste sentido, os galinhos são absolutamente iguais aos astrólogos, numerólogos e vários outros ólogos que andam por aí, ganhando dinheiro em cima da necessidade de crença dos outros. A diferença é que os galinhos estão todos travestidos de seriadade, com seus ternos Armani. No final, a picaretagem é a mesma. Eles se acham.... Ok, eu também me acho! (Em minha defesa, se é que preciso ou quero uma, eu posso dizer que todo mundo, de um jeito ou outro, se acha. Só que alguns assumem o seu "achismo", outros se camuflam num manto de modéstia...) O fato é que qualquer pessoa sensata diria, no início do ano, que este não era um ano para a bolsa. Assim mesmo, este pessoal continuou falando em valorizações expressivas durante o ano. Má fé ou auto-engano? Ambos. Em geral, como nas grandes paixões, começamos enganando a nós mesmos e acabamos enganando o outro...

Este post foi só uma parada. Próximo tema: Astrologia, parte II

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eu visito estrelas... Ou porque a astrologia é um equívoco

Eu nasci em uma cidade que fica no meio do nada, no extremo do extremo oeste do Rio Grande do Sul, a 700 km de Porto Alegre. Existem certas vantagens de se crescer no meio do nada. Dá para tomar banho de rio, estar em outro país em 5 minutos (ok, a Argentina, mas vale!!), brincar na rua com todas as crianças da vizinhança etc. Mas existe uma outra vantagem na qual eu não pensava muito: As noites sem lua. Nestas noites, principalmente numa fazenda, o céu era tão limpo, tão cheio de estrelas, a mancha da via-láctea tão marcante, que deitada no chão olhando para cima parecia que eu seria engolida pela imensidão do céu. Além de poesias baratas, esta sensação desperta por dentro uma conexão entre nós e as estrelas. É mais do que natural pensar que de alguma maneira nosso destino está conectado ao que se passa no firmamento. Bem, realmente está, mas não como os astrólogos nos fazem crer.

Vejamos. Zodíaco é a região do firmamento que se estende por 8,5 graus a direita e a esquerda da eclítica. Eclítica é o caminho aparente do sol no céu: Basta marcar, todo amanhecer, onde em relação as estrelas o sol está nascendo (uma tarefa impossível para mim, que adoraria acordar duas da tarde todos os dias). Estes 8,5 graus têm a ver com a região do céu em volta da eclítica onde estão (ou estavam) os cinco planetas mais a lua, conhecidos pelos antigos. Muito bem, com isto eles definiram de maneira arbitrária 12 grupos de estrelas que eles chamaram de constelações. Cada constelação ocupando cerca de 30 graus da eclítica (que tem 360 graus). Inicialmente, estas 12 constelações representaram cada uma um mês com 30 dias. Só que com o tempo, esta divisão produz erros nos calendários, que foram aos poucos corrigidos. Por todos? Sim, menos os astrólogos...

Têm uma coisa complicada, chamada Precessão dos Equinócios (um movimento muito lento que desloca a intersecção do plano orbital da terra com o plano da eclítica, arghhhhh). Bom, esta precessão faz com que aconteça um deslocamento das constelações, de forma que hoje em dia os signos dos astrólogos não mais coincide com a posição das constelações na eclítica. Como? Bom, descobri que eu, que seria de sagitário, nasci mais provavelmente em outra constelação astronômica. Na verdade, todos os signos estão defasados! Im sorry, seu signo está errado! A coisa é ainda pior do que isto. Devido a este movimento do plano da terra em relação a eclítica, existem 13 e não 12 constelações no caminho do sol!!! Existe uma constelação extra atualmente, chamada constelação de Serpentário, localizada entre escorpião e sagitário. Ah ha, agora descobri porque eu nasci toda errada: Me criaram como sendo de sagitário, mas sou de serpentário, um signo que nem está no mapa astral ainda! É ainda muito pior. Se você incluir no zodíaco todos os planetas descobertos nos últimos 200 anos, o número de constelações sobe para 24... Mas é claro, para as pessoas das pseudociências complicações nunca são bem vindas... Eles não se preocupam com isto. Os astrólogos não querem saber se existem mais constelações. Eles odeiam que duvidem deles. Gravem isto: A ciência cresce na dúvida, as pseudociências crescem em certezas absolutas.

Tempos atrás, depois de uma aula em que falei sobre o assunto, fiquei pensando sobre os questionamentos dos alunos, que diziam que se a lua interferia com as marés, porque não iria interferir conosco? Pois bem, me dei ao trabalho de fazer a conta. Usei a mesma força que a lua usa para mudar as marés, e apliquei ela a nós, ao nascermos. Acontece que o médico e a enfermeira que estão presentes no nosso nascimento também fazem sobre nós o mesmo tipo de força que a lua faz nas máres: Força gravitacional. Meu resultado? A posição do médico e da enfermeira na hora do parto é mais importante para nós do que a posição da lua! O que me faz sugerir aos astrólogos: Incluam a posição dos dois na hora de fazer o mapa astral!!

Existem outros pontos. Por exemplo, a astrologia não dá conta do efeito da refração da luz das estrelas ao passar pela atmosfera. A refração faz com que a posição das constelações aparentes para nós não seja a posição verdadeira. E muitas outras. Mas é tarde e por hoje chega. Este post terá uma segunda parte...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Na dúvida, não ultrapasse...



Um pouco mais de luz, please...

Quando decidi escrever este blog fiquei pensando se eu não estava sendo radical demais. Mas eis que abro a Folha de São Paulo de hoje e vejo a notícia que um grupo de juízes, promotores e delegados, participantes de uma associação espírita, querem introduzir cartas psicografadas como provas em processos judiciais... Um conselho. Leiam o ótimo "Cartas sobre a Tolerância", de John Locke, um filósofo inglês do final do século 17, onde ele argumenta com brilhantismo porque qualquer linha religiosa deve ficar de fora das decisões dos magistrados. Um pouco mais de luz, por favor...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Discos Voadores

Eles estão em toda a parte, "aparecem" para milhares de pessoas e, assim mesmo, não existe uma única foto clara ou filme detalhado de discos voadores. Algumas pessoas inclusive relatam ter tido sexo com seres alienígenas! O que deveria virar em uma nova classificação: alienofilia! Mas, se eles estão entre nós, como dizia a série Arquivo-X, como chegaram até aqui? Vejamos...

Na nossa galáxia, a via-láctea, existem cerca de 100 bilhões de estrelas. É muita estrela. Será que existem planetas com alguma forma de vida em todas elas? Vamos ser bem otimistas e supor que em cerca de 1% delas, alguma forma têm chance de se desenvolver. Mais, vamos supor que em 1% destas, desastres naturais (tipo o efeito estufa de Vênus) não acabou com o desenvolvimento desta vida incipiente. Ainda, digamos que em 1% do que sobrou algum tipo de vida inteligente se formou. E que, finalmente, em 1% destes, o nível de inteligência chegou a um nível igual ou superir ao nosso. Como falei, isto é muito otimista, mas ainda assim implica que em cerca de 1000 planetas da nossa galáxia existe uma civilização num nível comparavel ou maior do que a nossa. Muito bem, dirão quem já viu um disco voador, isto mostra que existe vida abundante lá fora. Certo e errado. Porquê? Vejamos o tamanho da nossa galáxia.

O tamanho do nosso sistema solar é de 11 horas luz. O que significa que a luz demora 11 horas para percorrer o comprimento do nosso sistema. A nossa galáxia, no entanto, têm cerca de 100 mil anos luz de diâmetro!! Significa que a luz demora 100 mil anos para percorrer a via-láctea de uma ponta a outra. Se nós aproximarmos nossa galáxia por um disco, o que não é uma má aproximação, significa que cada planeta inteligente estaria separado do outro por cerca de 100 anos luz! (Para quem quiser a conta, esta e outras, pode pedir que eu mando...).

Muito bem. Agora que nosso vizinho mais próximo, e potencialmente mais inteligente que nós, está a apenas 100 anos luz de distância, é claro que eles estão aqui! Mas veja, nosso sistema solar de 11 horas luz de tamanho é apenas cerca de 0,001 graus de todos os 360 graus que eles olham em volta deles. A situação, na verdade, é ainda pior do que esta porque a galáxia não é um disco chato, mas possui uma espessura. Assim, a chance de eles sairem viajando em qualquer direção e toparem com a gente é baixíssima! Bom, mas e se eles nos viram antes, com algum tipo de telescópio, lá do planeta deles?

Vejamos. Não existe como eles nos verem, assim como a gente vê uns aos outros, numa distância de 100 anos luz. Mas, talvez, eles tenham captado ondas eletromagnéticas, como ondas de rádio e TV. Acontece que a terra emite estas ondas com sinal razoavelmente forte a apenas cerca de 70 ou 80 anos. Ou seja, mesmo estas ondas viajando a velocidade da luz, como elas viajam, elas ainda não chegaram a um planeta em que a luz demora 100 anos para chegar!!!!! Logo, impossível!

Mas, digamos de novo, que vencendo todos as probabilidades, um dia eles lançaram uma nave extamente nos 0,001 graus em que eles topariam com o nosso sistema solar. Bom, eles devem ter lançado esta nave mais de 100 anos atrás para ela poder estar aqui agora. E mais, esta nave têm que ter viajado a velocidade da luz (nada, absolutamente nada que tenha massa, pode se mover mais rápido que a luz). Acontece que para levar uma nave de, digamos, uma tonelada até a velocidade da luz (nave levíssima), a quantidade de energia necessária é tão, mas tão absurda, que não vale nem a pena mencionar aqui. A gente não se dá conta, mas energia é um negócio caro e dá um trabalho enorme armazenar e transportar. Assim, um planeta se mobilizar, gastar uma quantidade absurda de energia, e mandar uma nave que não voltará pelas próximas centenas de anos, em uma direção arbitrária, onde a chance de encontrar algo é desprezível, vai além de qualquer bom senso, mesmo para um alienígena...

Para entender isto melhor, vamos fazer de conta que estamos na Inglaterra no século 17. Um belo dia, um certo Capitão Smith acorda e pensa: deve haver uma Pocahontas para mim do outro lado do oceano! Ele nunca viu ela, nem sabe se existe e nem sabe onde está. O que ele faz? Se joga no mar e nada durante vários anos atravessando o atlântico norte. Só existe UMA Pocahantas na costa da américa do norte, mas eis que Smith, depois de anos nadando e gastando uma energia absurda para isto, emerge exatamente na praia em que Pocahantas está tomando banho de sol! O que ele faz? Em vez de falar com ela, ele se esconde!!!!!! (Agora eu entendo porque a Pocahontas casou com outro e não com ele!). A analogia com discos voadores é exatamente esta. Eles gastaram uma quantidade enorme e quase imensurável de energia e tempo, contra todas as probabilidades, chegaram aqui e se escondem da gente!!

MAS, várias pessoas afirmam que viram discos voadores. Bem, o engraçado é que eles nunca aparecem para pessoas como eu. Eles sempre aparecem para pessoas que têm uma tendência enorme a acreditar em um monte de coisas que "elevem" a sua vida interior. Em geral, quem já viu um disco voador, acredita em 3 ou 4 (se não todos) dos ítens da pequena lista que citei no post Então é o início, de 03/05/08. Ou seja, a aparição de discos voadores provavelmente fale mais da psicologia de quem vê do que dos "discos" propriamente ditos... Cansei por hoje, talvez volte ao assunto no futuro. Próximo post: Astrologia!

sábado, 3 de maio de 2008

Então é o inicio

Sempre achei que esta coisa de ter um blog era uma grande
egotrip. E na verdade continuo achando. Mas, como uma vez
um psicanalista amigo meu me disse, um dos maiores problemas
do ser humano é manter a cabeça ocupada. Pois bem, resolvi
manter a minha ocupada, nos meus horários de ócio, escrevendo
este blog. Decidi escrever sobre algo que eu acho divertido: a
defesa da razão contra o obscurantismo da pseudociência que
nos assola diariamente.

Quem não conhece alguem que acredita em discos voadores?
Ou que não segue a vida sem consultar seu mapa astral? Pior,
conheço casos de relações amorosas (?!) que terminaram porque
os signos não eram compatíveis. Ou pessoas que adoram um tarot.
A lista é enorme: OVNIS, astrologia, numerologia, reflexologia,
búzios, feng-shui, cromoterapia, algumas explicações para altas
e baixas de preços de ativos e bolsas de valores, inconsciente
coletivo e sincronicidade, eneagrama, loucura (ops, me enganei)
terapia de vidas passadas, poder das pirâmides etc. Isto tudo
prova uma coisa: não existe limite para nossa imaginação...
Até o cinema tem colaborado. Provavelmente o fime Quem
Somos Nós seja o caso mais nefasto, porque transveste de
seriedade uma série de conceitos errados. Em um dos próximos
blogs vou abordar este filme . Não vou abordar o filme O
Segredo porque seria covardia!

O objetivo deste blog é ir, ítem por ítem, desconstruindo todas
estas idéias usando o que temos de mais poderoso: bom senso
aliado a diligência factual e a lógica. Claro, para muitas pessoas
são as idéias que importam, não os fatos. Para mim? Neste exato
momento o que importa é me divertir mostrando as coisas como
elas se apresentam para nós. Espero que quem leia se divirta
tanto quanto eu estou me divertindo escrevendo tudo isto.
Enjoy it!!!

Fernanda Steffens